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Criada a partir do programa Uma Vitória Leva à Outra, ONG Empodera se torna Centro de Excelência em Gênero e Esporte no Brasil
ONU Mulheres, publicado em 11/10/2022

Um dos legados mais marcantes do programa Uma Vitória Leva à Outra (UVLO), iniciativa conjunta da ONU Mulheres e do Comitê Olímpico Internacional (COI), é o fortalecimento institucional das organizações parceiras que implementam o currículo UVLO nos territórios. O exemplo mais emblemático é o da ONG Empodera – Transformação Social pelo Esporte, que foi criada a partir da experiência de suas fundadoras, Jane Moura e Thais Olivetti, na fase piloto do programa, em 2016.  

A dupla trabalhava no Instituto Bola pra Frente, um dos primeiros parceiros do UVLO, onde era responsável por dar suporte nos treinamentos às profissionais que implementaram a primeira fase do UVLO em Vilas Olímpicas do Rio de Janeiro, na esteira da Olimpíada Rio 2016. “Nossa função era treinar essa equipe multidisciplinar das Vilas Olímpicas na metodologia do programa”, explica Jane Moura, presidente da Empodera.  

“Em 2016 tivemos o privilégio de nos apropriar inteiramente da metodologia UVLO, que foi baseada no programa Goal, da ONG Women Win. Nós acompanhamos os resultados e impactos da iniciativa na ponta, e esse trabalho de apoiar outras mulheres no ensino do currículo e de empoderar centenas de meninas que participaram do programa nos encorajou a dar um passo além e seguir nosso sonho de fundar nossa própria organização com foco exclusivo em gênero e esporte. Quando compartilhamos nossa ideia, recebemos muito apoio das parceiras”, comemora Jane. 

Em 2017, enquanto formalizavam a criação da Empodera, Jane e Thais trabalharam como consultoras da ONU Mulheres no UVLO aplicando oficinas de liderança e de contação de histórias digitais (storytelling), treinamentos na metodologia UVLO e apoio à criação de espaços esportivos seguros do ponto de vista físico e emocional para meninas. No ano seguinte, a Empodera finalmente saiu do papel, mas ainda havia um grande trabalho pela frente para estruturar a organização.  

Segundo Jane Moura, o apoio da ONU Mulheres e da Women Win foi fundamental nesse processo, tanto pelo aporte financeiro, quanto pelo apoio no desenvolvimento de políticas, processos e procedimentos internos que estruturaram a atuação da Empodera e melhoraram suas capacidades administrativas, financeiras e de gestão. Por sua vez, a organização internalizou e adaptou as muitas ferramentas, recursos e diretrizes à sua própria realidade e benefício, incorporando progressivamente pessoal qualificado à sua equipe, com diferentes experiências e formações. Isso contribuiu para o crescimento da Empodera e seu protagonismo na defesa da igualdade de gênero por meio do esporte. 

 

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Equipe da ONG Empodera, parceira implementadora do Uma Vitória Leva à Outra no Rio de Janeiro. Foto: Empodera/Jane Moura

 

Desse modo, a Empodera se tornou a principal parceira implementadora do programa Uma Vitória Leva à Outra em sua segunda fase, que foi de agosto de 2018 a maio de 2022. Neste período, o UVLO atendeu mais de 1.200 meninas em diversos territórios em situação de vulnerabilidade do Rio de Janeiro e treinou 108 organizações na metodologia que usa o esporte como ferramenta para empoderar meninas e mulheres e para prevenir a violência de gênero.  

“Essa parceria foi fundamental para o crescimento institucional da Empodera e também para o desenvolvimento do programa Uma Vitória Leva à Outra, porque a gente conseguiu usar nossa própria experiência para entender os desafios e fazer as adaptações necessárias ao currículo, inclusive incluir o esporte e a prática corporal como um componente fundamental da metodologia UVLO”, conta Jane. 

A partir das trocas, foi possível criar uma metodologia ativa de ensino que combina a prática esportiva com a discussão de temas-chave para o desenvolvimento de meninas, como habilidade socioemocionais, garantia de direitos, enfrentamento da violência de gênero, entre outros. “As meninas passaram a vivenciar aquelas temáticas e a refletir sobre elas também a partir da prática esportiva”, acrescentau Jane. 

Com o apoio da ONU Mulheres, a Empodera foi responsável pela produção e disseminação de todo um conjunto de produtos de conhecimento e metodologias testadas com o objetivo de desenvolver diversas habilidades nas meninas por meio do esporte. Mesmo durante o período de maior desafio, decorrente da pandemia do coronavírus, a Empodera liderou as adaptações para que o programa fosse implementado de maneira virtual e, posteriormente, adaptou os módulos ao distanciamento social para uma retomada segura das atividades presenciais. Também foram criadas estratégias para que meninas afetadas física e emocionalmente pela pandemia e o isolamento social tivessem acesso a espaços de acolhimento.  

Como resultado, em abril de 2022, durante o evento de encerramento da segunda fase do UVLO, a Empodera recebeu oficialmente o título de Centro Nacional de Excelência em Programas Esportivos para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento de Meninas e Mulheres no Brasil. Para Jane, esse reconhecimento é de grande importância para provocar uma mudança estrutural que torne o espaço esportivo mais inclusivo para meninas e mulheres.  

“A inserção de mulheres no esporte ainda é um grande problema. Quase 35% das meninas abandonam prática esportiva quando chegam na adolescência. Para buscar soluções, primeiro é preciso que esse problema seja visibilizado, que as organizações debatam e produzam conhecimento sobre o tema. O reconhecimento da Empodera enquanto Centro de Excelência também vem nesse papel de disseminação de conhecimento – que é feito de forma aberta e gratuita – e legitima o trabalho que estamos fazendo”, explica a presidente. 

“Nosso objetivo é usar as metodologias e aprendizados desenvolvidos pela Empodera com apoio da ONU Mulheres para contribuir para a criação de um movimento significativo de inclusão de gênero no esporte. Assim, queremos fomentar a participação ativa de meninas e mulheres na prática esportiva em todos os níveis e que isso possa pautar debates, influenciar políticas públicas, provocar mudanças de percepção na sociedade e também inspirar e fortalecer outras organizações esportivas a criarem programas esportivos seguros e inclusivos para meninas, como é o Uma Vitória Leva à Outra”, completa Jane. 

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